Recentemente estava relembrando do tempo em que trabalhei como bolsista na rádio Udesc FM de Joinville, uma emissora educativa pertencente à Universidade do Estado de Santa Catarina. Na condição de estagiário, cheguei a fazer um pouco de tudo… Programação musical, edições e, durante a noite, anunciar e desanunciar as músicas da programação.
Já falei que morro de vergonha e fico extremamente nervoso no ar, mas mesmo assim o coordenador da época insistiu para que eu executasse a tarefa e me garantiu que seria tranquilo…
Segundo ele, era só eu dar boa noite e a hora, ler o nome das músicas que tocaram e emendar com um “ouça agora a música x de tal artista”, tudo com uma voz bem séria. Seguindo este roteiro, não teria nenhum problema, certo?
No início eu passava e repassava o que iria falar antes de ligar o microfone. Fazia aquecimento vocal, lia e relia o nome das músicas, buscava a pronúncia de algum termo em inglês que não conhecia… Não queria correr o risco de anunciar nenhum Kid Abelha mp3 (meme antigo que ainda me faz dar risada). Mas o tempo me fez ficar confiante e baixar a guarda.
Certo dia no trabalho, enquanto a última música de um bloco chegava ao fim, eu me preparei para a labuta. Repassei apenas mentalmente o que falar, preparei minha voz mais séria, abri o microfone e segui o roteiro. Não lembro quais sons tinham tocado no bloco anterior, mas a primeira música do próximo bloco me marcou: Crash Test Dummies – Mmm mmm mmm mmm.
Escrito fica difícil de expressar a sensação que tive ao anunciar a música, mas tente fazê-lo em voz alta com a entonação mais séria que conseguir e talvez entenda o que passei no momento. Depois de travar uns segundos terminei minha interação cantarolando o tal do mmm mmm mmm mmm.
Não demorou para que alguém ligasse pegando no pé, nem pro causo virar anedota para contar em reuniões com amigos, mas mentalmente ficou comigo uma insegurança sobre o ocorrido e a dúvida de como deveria ter procedido pra declarar o nome da música.
O consolo para a insegurança veio um tempo depois, em 2010, quando ocorreu a erupção de um vulcão na Islândia. Lembro de estar acompanhando o Jornal da Manhã da Jovem Pan e de ouvir o locutor engasgar para falar o nome do vulcão: Eyjafjallajokull.
Neste momento me toquei que até as pessoas mais experientes podem cometer erros (se bem que não sei se existe alguma forma de acertar essa pronúncia).
A resposta sobre como pronunciar coisas difíceis no ar veio alguns segundos depois, quando o mesmo comunicador continuou a matéria sempre declarando “o vulcão de nome impronunciável…”.
É gratificante saber que faz parte da equipe Brlogic, mais um profissional competente e experiente. Parabéns a todos nós que fazemos parte do mundo digital da rádio.