Uma das coisas que me marcou quando comecei a trabalhar na rádio foi descobrir que, há não muito tempo, a programação das emissoras tinha horário de início e de fim. Lógico que eu já havia ouvido qualquer coisa neste sentido sobre a programação das TVs, mas até o momento nunca havia traçado este paralelo entre os veículos. Ademais, sempre me pareceu algo muito longínquo, de quando tais meios de comunicação ainda estavam se consolidando… Mas a verdade é que a programação 24h só foi virar o padrão no decorrer dos anos 1990.
Ali pelos anos 1960 e 1970 o comum era que as rádios começassem por volta das 5h e seguissem ao vivo até umas 20 ou 22h. Com o passar do tempo esta faixa de horário foi se esticando, tentando atingir mais gente, mas não sem exigir uma equipe para isso, com mais pessoas presentes para operar a mesa, trocar discos, cartuchos e fazer as locuções pra manter a programação. Não dava para fugir da dependência de pessoas.
Analisando em retrospecto é fácil notar que a tecnologia tem tornado cada vez mais fácil operacionalizar uma rádio. O computador permitiu que longas playlists com arquivos digitais de músicas, comerciais e locuções gravadas dessem a impressão do “ao vivo 24h” Facilitou as programações em rede, disparando breaks comerciais e pausando-os de forma precisa e automatizada. Também permitiu que programações ao vivo pudessem ser feitas com qualidade sem a necessidade de estar presente no estúdio e com uma estrutura e equipe mínimas.
Além de facilitar a rotina, tem ficado cada vez mais fácil lidar com imprevistos também. Se o sinal do satélite tá fora, pode-se usar a internet pra continuar com a programação em rede. Se não tem nada disso, é possível criar uma programação rapidamente.
E antigamente? Dava-se seu jeito. “Pilotos” gravados já eram utilizados, mas dependiam de fitas de rolo bem grandes para dar conta de apenas 1 hora de programação com qualidade… sem contar que qualquer mudança no programa era muito mais trabalhosa (e precisavam de alguém para rodar). O improviso dos comunicadores para segurar a audiência em alguma crise sem deixar transparecer qualquer erro também era fundamental…
João Samuel de Oliveira, vulgo Samuca, saudoso operador que me iniciou na função e apresentador do programa de flashback nos domingos da rádio Cultura de Joinville por muitos anos, me ensinou que outro recurso valioso eram músicas como Faroeste Caboclo, do Legião, ou Stairway to Heaven do Led. Isso pois, segundo ele, elas davam um tempo a mais para resolver qualquer “m3rda” que acontecesse (literal ou não… uma versão arcaica de ligar o spotify quando você vai ao banheiro em um apartamento pequeno habitado por mais pessoas).
“E se tu tá sozinho na rádio e não der pra resolver a cagada até a morte do João de Santo Cristo?” perguntei. “Aí o jeito era desligar a mesa e alegar algum problema temporário com o transmissor”.
Parece que melhoramos um pouco. Está mais fácil não deixar a rádio muda e fazer parecer para a audiência que tudo funciona como um “reloginho”.
Eu como amante do rádio fico encantado com as histórias deste mundo mágico, sempre gostei de música e muito mais de rádio, desde cedo quando comecei a trabalhar a minha primeira conta foi na antiga Casas Buri, fui lá e fiz um crediário para comprar um rádio gravador. Naquele tempo os discos e fitas eram caros, então o negócio era gravar do FM, ficava acordado até tarde para poder gravar as músicas que eu gostava, de madrugada não tinha locução, então era a hora perfeita… kkkkkkk. O tempo passou e tudo aquilo ficou pra trás, as rádios mudaram, as músicas também e para pior, então depois dos meus 40 anos conheci a tecnologia que me permitiu criar a minha própria rádio, criei a DiscoMix, uma rádio que está a quase quatorze anos no ar aqui na BRlogic, tocando tudo o que eu ouvia nas boas rádios da minha juventude. Abraço.
Muito louco… Eu nunca tinha visto essa página antes e, por acaso, estou estudando sobre o desenvolvimento do Jornalismo e a importância das transmissões no rádio onde a família se reunia para saber das notícias. A BrLogic colocou tudo junto no mesmo espaço e é muito difícil dar uma merda rsrsrs. O problema é sempre comigo. Eu tenho dificuldade em associar capa de programa à playlist e por aí vai. Mas, estou feliz demais por fazer parte desse universo. Abraços