Vez ou outra, quando estou conversando com algum locutor no estúdio do ar e abordamos algo sensível, pergunto “E esse microfone aberto aí?”. É uma brincadeira boba, mas que tem a capacidade de, por alguns milissegundos, gelar a espinha daqueles que conhecem o poder da latinha. Ninguém quer ter um segredo ou situação pessoal exposta involuntariamente para milhares de pessoas.
Lembro de quando comecei a me aventurar em locuções ao vivo, lá por 2009 em uma rádio universitária, e precisei falar com um repórter externo durante a cobertura do vestibular. Pouco antes da interação ao vivo entrei em contato com nosso correspondente e, numa troca rápida de ideias, comentei que estava nervoso com a situação. Ele me acalmou, fizemos a entrada e tudo foi bem. Foi o que ouvi ao telefone dele e de mais alguns ouvintes, que escutaram minhas confissões, já que eu tinha deixado o canal do telefone aberto por cima da música antes de minha entrada.
Seja no rádio ou na TV, muitos já foram vítimas de microfones abertos e tiveram sua imagem pública parcialmente desnuda, para o bem ou para o mal, por episódios semelhantes. Às vezes eles só demonstram alguma fragilidade e parecem mais humanos para o público, mas em outras se mostram desbocados e preconceituosos.
Dentre todas as situações que escutei, a mais hilária aconteceu com o Fernando Gonçalves, comunicador e jornalista que sempre amou o rádio e desde criança tinha o sonho de ser locutor. Sua primeira oportunidade ao microfone foi lendo as ofertas no finado Hipermercado BIG daqui de Joinville. Ele conta que, um dia, enquanto lia as ofertas, anunciou:
– Sabonete Palmolive em barra NOVECENTOS gramas… (pausa intrigada)
Notando o equívoco, pensou em efetuar a correção, mas o gerente que estava ao seu lado foi mais rápido e espontâneo, fazendo mais uma vítima do microfone aberto:
– (Gerente) Novecentos gramas? Isso é quase UM QUILO! DÁ PRA LAVAR UM ELEFANTE… o sabonete tem 90 gramas.
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