A época de eleição sempre traz uma correria extra nos meios de comunicação. Não só pela cobertura, mas principalmente por conta da “Propaganda Eleitoral Gratuita”. E, para nós do interior, o pleito municipal é ainda mais tenso, já que estamos mais próximos dos interessados em fazer o escrutínio de nossas transmissões.
Stress tem pra toda a equipe. Os Opecs (Operadores Comerciais) precisam fazer bruxaria para encaixar todos os materiais políticos (que chegam novos praticamente todos os dias) nos blocos comerciais que, muitas vezes, já são bem grandes. Rádios que trabalham em rede, com tempos de break fixos, tem uma complicação a mais para lidar, tentando encaixar os clientes do dia a dia com toda essa nova demanda de inserções políticas.
Tudo deve respeitar o tempo estabelecido também. Se foi imposto que os comerciais teriam 30s, devemos monitorar se são enviados conforme o estabelecido. O certo seria que não precisassem haver ajustes nos materiais, mas algumas produtoras ou são inexperientes ou nos tentam fazer de trouxas. A orientação dada ao estúdio de gravação geralmente é usar de sua mágica para inserir silêncio nos spots menores e cortar os segundos adicionais dos maiores. Volumes também são normalizados para que no ar um não se destaque mais que o outro.
Os spots dos partidos devem ser rodados numa ordem correta e no período correto. E se houver algum problema na transmissão e a justificativa não for boa o suficiente (talvez alguma guerra ou catástrofe), certamente uma multa será aplicada.
São realizadas diversas reuniões. Entre o “conselho das emissoras”, para dividir e acordar quem fará a geração do horário eleitoral gratuito em qual período (evento que usurpa mais um tempo de inserções dos Opecs), as internas, para estabelecer responsáveis por colocar no ar, monitorar esta transmissão e definir quem pode ou não ser chamado em entrevistas.
Outro cuidado necessário é com os comunicadores que saem como pretendentes a uma das vagas disputadas. Eles precisam ser afastados por um período, para que sua influência sobre o público não cause uma disputa desigual. Mas é claro que, eventualmente, alguns deles também tentam arrumar sua forma de ludibriar o sistema.
Muito antes de J.K. Rowling dar origem ao Universo mágico de Harry Potter e Voldemort, nas eleições no final dos anos 80, Aymoré do Rosário saiu como candidato aqui em Joinville e coube ao Wilson França cobri-lo no Ronda Policial (um dos programas com maior audiência do rádio na época). E quando queria trazer a memória do amigo aos ouvintes sem chamar a atenção dos “aurores”, falava no ar sobre “aquele que não pode ser nomeado”. Se o feitiço deu certo ou não é um mistério, mas o Aymoré foi o quarto vereador mais votado naquela eleição.
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