Em 28 de agosto de 1941 estreava o renomado Repórter Esso, considerado o primeiro noticiário de radiojornalismo do Brasil. Foram 27 anos no ar levando informação para todos os brasileiros pela frequência da Rádio Nacional do Rio de Janeiro.
A sua estreia foi durante a Segunda Guerra Mundial (1939 – 1945), e cobriu principalmente os conflitos da época além dos principais acontecimentos políticos.
O Repórter Esso chegou ao Brasil por meio da política norte-americana de cooperação internacional. O noticiário era redigido por agências de notícias americanas e fazia propaganda da guerra americana aos brasileiros.
O programa não existia somente no Brasil, e sua primeira edição norte americana foi em 1935. Além disso, outros 15 países do continente americano, além do Brasil e Estados Unidos, também contavam com o jornalístico em suas transmissões de rádio, sendo eles: Argentina, Chile, Colômbia, Costa Rica, Cuba, Honduras, Nicarágua, Panamá, Peru, Porto Rico, República Dominicana, Uruguai e Venezuela.
A notícia antes do Repórter Esso
O Repórter Esso modificou a forma como o rádio transmite notícias. Na época, as estações de rádio usavam como base os jornais impressos para gerar conteúdo jornalístico, e parte das matérias eram aproveitadas diretamente nos boletins. Até então, não havia uma estratégia de comunicação própria à linguagem do rádio.
O Repórter Esso mudou a cara do radiojornalismo, criando novas técnicas de locução, além de apurar e adaptar o texto com uma linguagem cuidadosamente elaborada para que fosse veiculada via rádio.
O jornalismo “via rádio” era apelidado de “jornal-falado”, graças à forma com que era comunicado: uma leitura direta e na íntegra das notícias já publicadas nos jornais impressos. O Repórter Esso mudou completamente essa realidade.
Como regra, a notícia deveria ser convincente para conquistar o ouvinte. Assim, era importante que o texto fosse sucinto, direto e vibrante. Outro ponto chave da estratégia de comunicação do Repórter Esso era a imparcialidade, e isto foi muito bem recebido pela audiência.
A influência do Repórter Esso
O Repórter Esso exerceu uma influência tão grande no jornalismo brasileiro, que até hoje vemos o mesmo formato e estrutura básica utilizados pelo noticioso em vários programas jornalísticos, ainda que em grande parte das vezes não tenhamos uma percepção direta desta herança.
O jornalístico apresentava as notícias de acordo com a relevância, sempre em ordem crescente e decrescente de importância. Inclusive, eram inseridas falas de entrevistados em algumas notícias para dar autenticidade da própria fonte à matéria.
Outra característica importante foi a incorporação de um jornalista especializado para narração dos fatos, e não mais um locutor radialista. Os boletins meteorológicos ficavam encarregados pelas vozes femininas.
Credibilidade no rádio
Rapidamente o Repórter Esso foi inserido no cotidiano do brasileiro. Além da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, o jornalístico também chegava a outras localidades, como: São Paulo pela Rádio Record, Minas Gerais pela Rádio Inconfidência, Pernambuco pela Rádio Jornal do Comércio e Rio Grande do Sul pela Rádio Farroupilha.
O programa se tornou tão popular que todos esperavam as notícias que seriam destaques em cada edição. Caso alguma informação não fosse apresentada, era motivo suficiente para ter sua veracidade questionada. Diante de tanto sucesso, surgiu o famoso jargão: “Se não deu no Esso, não aconteceu”.
Diversas vozes passaram pelos quase 30 anos que o programa permaneceu no ar, mas Heron Domingues foi o que ganhou mais notoriedade, após passar mais de 18 anos como o locutor que mais apresentou o Repórter Esso. Já Roberto Figueiredo, que apresentou a última edição, ficou 6 anos na apresentação.
Notícias que marcaram o Repórter Esso
Durante todos os anos em que o Repórter Esso esteve no ar, diversos acontecimentos marcaram o noticiário. Muitas notícias históricas foram transmitidas pelos apresentadores e são utilizadas até hoje como ícones do jornalismo brasileiro.
Entre um dos marcos está a renúncia de Getúlio Vargas, que acabou sendo deposto pelos militares em 29 de outubro de 1945. No mesmo ano, ainda durante a segunda guerra mundial, foi noticiada a morte de Hitler, quando o exército soviético entrou em Berlim.
Em 1955, foi o momento de informar sobre a morte de uma das maiores cantoras brasileiras da época, Carmem Miranda.
Já em 1961 a renúncia do ex-presidente Jânio Quadros também foi pauta do jornalístico, após 7 meses de mandato que desagradou diversos setores políticos que o apoiavam.
O fim de uma era
O Repórter Esso foi responsável por grande transformação do jornalismo brasileiro, e é lembrado até hoje pelo modo em que foi idealizado e pela sua contribuição com o modo de apresentar notícias.
O noticiário ganhou vida além da rádio, quando estreou “O Seu Repórter Esso” em 10 de abril de 1952 na TV Tupi. A versão televisiva ficou no ar até 31 de dezembro de 1970.
A última edição do Repórter Esso via rádio aconteceu em 31 de dezembro de 1968, apresentado pela Rádio Nacional e pela Rádio Globo do Rio de Janeiro. Então apresentado por Roberto Figueiredo, houve um pronunciamento do presidente Costa e Silva, informação sobre a Missa de Ano Novo realizada pelo Papa Paulo VI, entre outras.
Porém, na última notícia, a emoção tomou conta de Roberto e foi necessário substituí-lo por Plácido Ribeiro, que estava no estúdio quando o noticiário estava no ar. Mesmo sem se recompor totalmente, Roberto Figueiredo retornou e encerrou a última edição do Repórter Esso aos prantos desejando um ótimo ano novo.
Quer saber mais sobre o Repórter Esso?
O nosso grande amigo Cyro Cesar publicou em seu canal no Youtube um vídeo completo, falando sobre como o Repórter Esso foi criado, as principais curiosidades, e até mesmo a história de como se deu a transmissão via rádio que noticiou o fim da 2ª Guerra Mundial, em 1945.
Confira abaixo:
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O Repórter Esso tornou seu slogan famoso: “Testemunha ocular da história”. Mais do que uma testemunha, o programa se tornou parte da história do rádio e do Brasil como um todo.
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