Como trabalho numa rádio de alcance regional, normalmente os causos que ouço/ vivencio envolvem personagens conhecidos neste nível. Porém, existem exceções. Dentre as histórias relatadas nos corredores da emissora, esta é uma das poucas que envolveu personagens tão ilustres, conhecidos até nacionalmente.
O primeiro personagem foi Ramiro Gregório, radialista e jornalista falecido em 2017 e responsável pela implantação da rádio Cultura de Joinville lá em 1959 (por solicitação de Jota Gonçalves) e coordenação da mesma até meados da década de 1980.
Dentre outros diversos feitos, vale ressaltar que foi um dos fundadores da Acaert (Associação Catarinense de Emissoras de Rádio e Televisão), ex-presidente da entidade e do SERT/SC (Sindicato das Empresas de Rádio e Televisão) e responsável por um acordo coletivo das emissoras de rádio com o Ecad (Escritório Central de Arrecadação e Distribuição) na negociação dos direitos autorais, através da Abert (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão).
Apesar de ilustre e com influência nacional, Ramiro Gregório é um nome mais conhecido, principalmente por quem é de fora da região, por pessoas do meio. Diferente de Álvaro Thais. O que, você não sabe quem ele é? Provavelmente porque ele sempre foi mais famoso por outras alcunhas, como Iuri de Nostradamus ou, a mais memorável, INRI CRISTO.
Caso você não saiba, o Álvaro é catarinense e, antecedendo seu auto-reconhecimento como a reencarnação do filho do PAI, estão trajetórias laborais como astrólogo e, segundo me contaram, como operador de mesa da rádio Cultura de Joinville lá no final da década de 1960 ou início de 1970.
Segundo relatos, nesta época, num dos dias de carnaval aqui na cidade, um radialista de plantão ligou de madrugada para Ramiro Gregório, coordenador da rádio Cultura, avisando que o operador estava desaparecido… não comparecera ao posto de trabalho e não se conseguia contato com o mesmo. Já que o pessoal estava de folga, coube ao coordenador, obviamente indignado, tapar este buraco.
Perto do meio-dia, Álvaro, o operador de mesa, apareceu nas dependências da rádio embriagado, vestido de mulher e com um pandeiro na mão. Enquanto o locutor segurava as pontas dentro do estúdio, o seu Ramiro dava uma bela bronca no funcionário desleixado, que terminou com o óbvio “VOCÊ ESTÁ DEMITIDO”.
Qualquer um ficaria abalado com a situação, mas dizem que isso não afetou nosso INRI, que saiu sorrindo, batucando no pandeiro e cantando “Besta é tu, besta é tu…”
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